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Uma mulher nasce das suas próprias reflexões sobre seu medo dos homens. Medo de ser apenas um corpo com dentes brancos, seios e útero. Sonha ser respeitada. Sonha plantar roseiras e sorrir livre, como uma árvore que liga céu e terra. Começa sua trajetória e muda de pele como quem muda de roupa, e chega ao final desnuda de sonhos mas plena de força para lutar por sua dignidade.

O projeto criativo intitulado “O Medo que nos Move” nesta versão monólogo, reúne duas artistas da cena, interessadas em desenvolver o pensamento e a sensibilidade em relação ao ser mulher, suas angústias, percepções sobre o mundo atual e seu olhar sobre os homens.

 

O projeto teve início no estudo de diversos textos compostos por mulheres de várias nacionalidades, em uma pesquisa sobre o que causa medo às mulheres, realizada pela atriz, cantora e dançarina Vitória Regina, entre 2019 e 2020, no coletivo artístico luso brasileiro Insanacena. Com a leitura dos textos e conversas sobre as motivações e cenas elaboradas no coletivo, iniciamos uma versão de nossa autoria, eu Rita Gusmão, atriz, diretora e professora de artes da cena, e Vitória Regina, artista da cena e docente em práticas corporais.

 

A primeira questão que mobilizou nosso processo criativo foi o entendimento do papel do corpo naquelas reflexões. Os textos descrevem corpos em diversas situações, são narrativas de experiências e sensações corporais; relatam pensamentos que assolam as mulheres nas circunstâncias de medo; e as palavras estimularam movimentos, quando lidas e decifradas. Cada história traz em si um caleidoscópio de movimentos que está subjacente aos seus significados: corpo, medo, olhar, desconforto, mãos, matar, asco, peitos, bomba, amor, ir para o centro da Terra. A partir de ensaios para exprimir essas sensações e elaborar gestos, começou uma colagem de sons e palavras, que vem sendo reelaborada a cada repetição. 

 

Em “O Medo que nos Move”, buscamos trazer o corpo para a primeira camada de contato com os/as fruidores/as, querendo criar um espaço de experimentação sensorial para estes/as e as artistas criadoras. O espaço de cena é o lugar no qual os vazios são explorados e os rastros são partes do discurso visual construído no decorrer da duração da cena. Corpo e objetos compõem um lugar com várias camadas de significados, por suas texturas e por seus movimentos desenhados, coreograficamente.

 

O objetivo desse projeto cênico é trazer à tona os sentimentos que estão acumulados nas narrativas culturais; trazer à superfície as impressões que estão acumuladas nas pessoas que participarem; trazer para o presente as memórias que estão soterradas em mulheres e homens de nossa época, para que sejam revisitadas e recompostas. É um projeto de cena híbrida, onde corpo, voz e objetos desenham um mapa sensorial. Por isso pode ser apresentado em diversos locais, contudo, os/as fruidores/as precisam estar próximos/às da área de cena, sentindo e vibrando com as respirações, o suor, os cheiros e as delicadezas de cada elemento cênico. A iluminação da área de cena é difusa e com poucas cores, compondo um espaço mais aconchegante que teatralizado, pleno de luz e de sombras, envolvente e adocicado.
 

Direção e concepção dramatúrgica: Rita Gusmão

Concepção e atuação: Vitória Regina

Dramaturgia Coletiva:

Textos  originamente criados junto à Cia Insanacena- montagem 1 – 2021/Lisboa

Luz: Júlia Telles

Trilha sonora: Leonor Cabrita

Paisagens sonoras: Rita Gusmão e colaboradores

Cenografia: Waldomiro Francisco

Figurino:  Roberta Lapertosa – Silma Dornas

Fotografia: Marcelo Pimenta

Vídeo: Gilberto Goulart

Apoio logístico: Crdança BH 

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